Tecpar e Biocad se reúnem para afinar detalhes do acordo de cooperação 08/07/2013 - 18:31

Um novo encontro entre a diretoria do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e a Biocad Brazil foi realizado nessa segunda-feira (08), para o encaminhamento da discussão que levará ao compromisso a ser firmado entre as duas partes com o objetivo de produção, pelo Tecpar, do medicamento biológico Bevacizumabe – representando uma significativa queda nos gastos do Ministério da Saúde com a importação do produto, de última geração para o combate ao câncer e a degeneração macular (perda de visão) relativa à idade.

A parceria público-privada para a produção local do bevacizumabe – princípio ativo cuja marca comercial era patenteada pelo laboratório suíço Roche – vai resultar em uma planta industrial em Maringá e deverá render uma economia de aproximadamente R$ 67 milhões anuais aos cofres públicos. É o que prevêem tanto o diretor-presidente do Tecpar, Júlio C. Felix, quanto o CEO no Brasil da Biocad Biopharmaceutical Company, David Zylbergeld Neto, baseados nos R$ 177 milhões que o Ministério da Saúde (MS) gastará este ano com as importações.

“Hoje o Ministério da Saúde gasta R$ 177 milhões anuais com a importação do Bevacizumabe. Com nossa entrada no mercado esses números vão baixar R$ 110 milhões/ano e a expectativa é o Tecpar ficar com pelo menos 50% do mercado. Além de se possibilitar o acesso a medicamentos elaborados no Brasil, da indústria brasileira, essa produção nacional vai baixar muito custo do SUS (Sistema Único de Saúde)”, comenta Felix.

A Biocad é uma companhia russa de biotecnologia, cujo foco é a pesquisa, o desenvolvimento, a produção, a inovação e a comercialização de produtos farmacêuticos de origem biológica. A parceria entre o Tecpar e a Biocad Brazil já havia sido formalizada em reunião no Ministério da Saúde, em Brasília, no mês passado. Diretores do Tecpar apresentaram ao Secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos do ministério, Carlos Gadelha, o projeto elaborado entre os parceiros, conforme demanda do próprio órgão federal, a partir dos primeiros contatos de apresentação para a possibilidade de um trabalho conjunto entre as partes, que segue o modelo de Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP).

Com a aprovação da PDP, o passo seguinte será o envio de uma missão do Tecpar à Rússia, o que deve acontecer na última semana deste mês de julho. A meta será fechar definitivamente os negócios com a Biocad e estabelecer o cronograma de transferência de tecnologia, que deve começar com a capacitação de pessoal até atingir a produção no laboratório do Tecpar, a ser instalado no parque tecnológico de Maringá. Esse será o complemento das negociações, que envolverão as necessidades tecnológicas da futura fábrica, a estimativa de pessoal local e russo e também os detalhes econômicos.

O produto de origem molecular, já desenvolvido e atualmente na "fase 3 de testes clínicos na Rússia", segundo Zylbergeld, não terá nenhum similar no Brasil. "Ele é biológico, enquanto o fabricado pela Roche (cuja patente caiu em 2012) é sintetizado quimicamente", explica.

Eficácia dos biológicos

Os produtos biológicos são mais eficazes em relação aos medicamentos tradicionais de síntese química, aumentando as possibilidades de sucesso no tratamento, principalmente para doenças crônicas.  Eles são feitos a partir de material vivo e manufaturados a partir de processos que envolvem medicina personalizada e biologia molecular.

Atualmente os biológicos consomem 43% dos recursos do Ministério da Saúde com medicamentos, cerca de R$ 4 bilhões por ano, apesar de representarem 5% da quantidade adquirida.

O Brasil já produz hoje, via transferência de tecnologia, 14 biológicos para doenças como hemofilia, esclerose múltipla, artrite reumatoide e diabetes. Até 2017, estes produtos terão fabricação 100% nacional.