Tecpar já recebe sondagens para outras ações contra poluição de chaminés 25/10/2012 - 11:13

O sucesso obtido pela parceria entre o Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar e a churrascaria Devons’s Grill para diminuir o odor de fumaça e a poluição ambiental provenientes das emissões gasosas liberadas pelas chaminés já estão tendo desdobramentos. O Tecpar vem sendo procurado por outras empresas do gênero para implantar projetos semelhantes e até mesmo uma prefeitura do interior de São Paulo se mostrou interessada em detalhar o processo para estudar a possibilidade de implantação em várias chaminés de sua cidade.

A queima do carvão vegetal na churrasqueira gera fumaça que contém gás carbônico, cujo aumento na atmosfera intensifica o aquecimento global. Além disso, na queima do carvão vegetal e da gordura das carnes que estão sendo assadas, são liberados outros materiais orgânicos voláteis, como ácidos orgânicos voláteis, aldeídos e cetonas.

Para a implantação de um sistema que impedisse tamanha poluição, em 2010 o empresário Augusto Farfus dos Santos,responsável pela churrascaria, entrou em contato com a Divisão de Tecnologias Sociais do Tecpar, a qual tem experiência no desenvolvimento de projetos em soluções ambientais inovadoras. Uma linha de pesquisa já existente foi então aprofundada e direcionada para o desenvolvimento de um sistema que visasse acabar com o incômodo causado à vizinhança pelo odor da fumaça gerada na churrascaria.

O resultado apontou sensíveis melhoras na qualidade do ar em torno da churrascaria, bem como na redução do odor de fumaça, conforme atestado pelos vizinhos. No sistema de tratamento de odor, a fumaça é redirecionada e borbulhada em dois reatores biológicos de 500 litros, local com meio líquido contendo um cultivo de microalgas. As microalgas são organismos com potencial de aplicação na biotecnologia ambiental por possuírem a capacidade de assimilar diferentes poluentes através de seu metabolismo. Estas microalgas, a partir do seu metabolismo em presença de luz e nutrientes da própria fumaça, removem os compostos presentes.

Inicialmente o projeto tinha a proposta de tratamento de apenas 10% do volume total de fumaça emitida pela atividade. Contudo, os resultados alcançados superaram as expectativas e o resultado final alcançado foi de tratamento de 35% do volume de fumaça emitido.

Transformação em biodiesel

Já na etapa inicial da fase piloto do projeto, o primeiro teste operando um cultivo misto de microalgas em fotobiorreator, tendo parte de sua aeração realizada com a fumaça, apresentou crescimento celular indicado por medições de pH e Absorbância à 680nm.

No sistema de tratamento é utilizada uma cultura mista de microalgas, ou seja, uma cultura com várias espécies, as quais foram obtidas pelo arraste de uma rede de coleta defitoplâncton no lago no Passeio Público, no centro de Curitiba. A transferência dessas espécies para um ambiente de cultivo artificial acarreta um período de seleção e adaptação fisiológica.

O aumento da biomassa da cultura de microalgas no interior dos fotobiorreatores que compõem o sistema de tratamento se dá por meio da biofixação de carbono presente na fumaça, ocorrendo também a diminuição do odor da fumaça pela ação de microrganismos, principalmente bactérias presentes na solução de microalgas no interior dos fotobiorreatores, as quais atuam consumindo e metabolizando compostos orgânicos complexos responsáveis pelo cheiro característico da fumaça.

Atualmente a utilização de novas espécies de microalgas nos fotobiorreatores está sendo avaliada e, por meio da técnica de eletroflotação, já estão sendo desenvolvidas pesquisas para a separação física da biomassa de microalgas produzida no sistema e também técnicas para a extração do óleo presente nas microalgas com vistas à produção de biodiesel.

As empresas que tenham interesse na implantação do sistema podem entrar em contato com a diretoria de Tecnologia e Inovação do Tecpar.