Representante de instituto europeu de criatividade traça cenário da inovação no mundo 12/11/2012 - 12:58


O presidente do Instituto Europeu para Estratégias de Criatividade e Inovação, Marc Giget, fez uma palestra na última semana em Curitiba, na Universidade Livre do Meio Ambiente, onde estiveram presentes as principais autoridades estaduais ligadas à ciência e tecnologia, entre as quais, o representante da pasta, secretário Alípio Leal, e o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) Júlio Felix.


Em sua palestra Marc Giget traçou um panorama mundial da pesquisa destacando a ascensão de novos atores na produção de conhecimento - Brasil, Índia e China - e ainda apontou tendências e citou os fatores que atrapalham a inovação.

A palestra foi aberta pelo secretário Alípio, que falou sobre os programas de governo para o setor - Paraná Inovador e Excelência no Ensino Superior - além de diversos outros projetos em andamento pela secretaria. Ele destacou a importância de debater estratégias de estímulo à pesquisa e desenvolvimento “especialmente com a presença de uma autoridade internacional em inovação da envergadura de Marc Giget”.

“O Paraná está vivendo um momento muito propício à ciência e tecnologia. Nós temos já os recursos destinados por lei e precisamos aplicar com qualidade para que realmente revertam em desenvolvimento social. Com programas de curto, médio e longo prazo e o envolvimento dos diversos atores nós vamos colocar o Paraná no mapa da excelência em tecnologia, inovação e ensino superior”, disse Leal.

INSTITUTO - Com sede em Paris, o Instituto Europeu para Estratégias de Criatividade e Inovação realiza palestras para dirigentes de empresas e instituições de pesquisa em diversos países do mundo. De acordo com Marc Giget, foram mais de 300 empresas atendidas nos últimos 23 anos e a instituição procura promover a troca de experiências entre pesquisadores e organizações públicas e privadas de referência mundial. No Brasil, o instituto já tem parceria com a Universidade de São Paulo (USP), que sozinha é responsável por 1% das publicações científicas do mundo, segundo Giget.

PALESTRA – Falando em francês com tradução simultânea para cerca de 15 representantes de instituição públicas e privadas ligadas à tecnologia, Marc Giget abriu sua palestra destacando que “só existe inovação quando é entregue à sociedade, antes disso é invenção”. Segundo ele, alguns assuntos são pesquisados ao mesmo tempo por 800 centros de pesquisa no mundo e apenas 15 apresentam algum avanço. Disse ainda que 30% das patentes pedem seu valor em apenas um semestre porque já apareceu algo melhor.

 “O valor da inovação pode ser medido apenas pela sociedade, dois terços das inovações são rejeitadas. Os valores das inovações também mudam. Uma das principais demandas hoje é por tecnologias mais limpas”, disse ele.

Para Giget, o fenômeno recente mais marcante no mundo da pesquisa é o surgimento de novos atores. “A China passou os Estados Unidos em número de patentes. Em dezembro de 2011 o gigante asiático celebrou a conquista de ser o primeiro país do mundo em patente”, disse Giget, destacando que outra nação bastante avançada em inovação é a Índia, que segundo ele, tem os melhores professores e grande porcentagem de pesquisadores trabalhando nas maiores empresas de tecnologia do mundo. ”O governo indiano estabeleceu como meta a década da revolução indiana da inovação que pretende tirar o país da situação de pobreza com a inovação em apenas dez anos”, completou.

O Brasil está na 9º posição entre os que mais investem em pesquisa e inovação. Em 1988, o número de publicações científicas do país representava 0,5% do total e, atualmente, passou para 2,7%, segundo o palestrante.  “O Brasil está avançando entre todos os objetivos do milênio. O designe brasileiro é considerado o terceiro melhor do mundo”, disse Giget, destacando que a preocupação no Brasil recai sobre a indústria “Tem um único problema que é muito perigoso. Nível de comprometimento industrial brasileiro. Fala-se da desindustrialização do país”, disse.

PROBLEMAS – De acordo com Marc Giget, as crises que os países desenvolvidos enfrentam e também dificuldades de grandes empresas normalmente estão acompanhadas de erros na estratégia de pesquisa e inovação. Ele citou como exemplo os Estados Unidos que investiu bastante em pesquisa mas errou ao acreditar que poderia concentrar-se no desenvolvimento de novos produtos deixando a produção para outros países. “Gerou emprego e renda fora e uma grave crise interna de desemprego. O Iphone, por exemplo, apenas 6% é produzido internamente (EUA)”.

Giget citou também um outro erro bastante comum de empresas que compram patentes apenas para anular a tecnologia e evitar que se tornem concorrentes. Segundo ele, a tendência hoje “é investir menos em departamentos internos de pesquisa e trabalhar em rede, observando, estimulando e comprando novas patentes que possam agregar ao produto da empresa”, concluiu.