Empreendedorismo por oportunidade cresce no Brasil 04/10/2012 - 16:45


Dados que revelam mudanças no perfil do empreendedor brasileiro na última década foram divulgados e debatidos no Seminário GEM no Paraná 2012, realizado na última quarta-feira (3) em Curitiba pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em formato talk show, o evento teve participação e apoio também do Sebrae, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Agência de Inovação, Serviço Nacional da Indústria (SESI) e Rede Educacional Pró-Empreendedorismo e Inovação (REPE).

Os dados debatidos fazem parte de uma pesquisa de abrangência mundial chamada GEM - Global Entrepreneurship Monitor - que avalia anualmente o nível da atividade empreendedora dos países participantes.

De acordo com o estudo, são cerca de 27 milhões de brasileiros acima de 18 anos envolvidos em um negócio próprio, 26,94% da população adulta. É a 8° maior taxa entre os 54 países pesquisados, mas ainda muito aquém do nível de atividade empreendedora verificado em países como Noruega, Suécia, Dinamarca, Holanda e Bélgica.

Entretanto, na última década, o estudo revelou mudança no perfil do empreendedorismo nacional. A proporção de mulheres empreendedoras em relação aos homens que era de 30% em 2002 aumentou para 49% em 2011.

Cresceu também a proporção de pessoas que empreendem por oportunidade em relação àquelas que montam um negócio por necessidade - por estarem desempregadas e outros motivos relacionados. O índice oportunidade sobre necessidade era 0.77 em 2002 e passou para 2.24 em 2011.

“O dado mostra que a proporção de pessoas que empreendem em cima de uma oportunidade,  muitas vezes deixam um emprego sólido para se dedicar a um sonho ou uma ideia que acreditam, já é mais de duas vezes maior do que o empreendedorismo por necessidade”, afirmou o diretor-presidente do IBQP Sandro Nelson Vieira.

Ele explicou que os dados do GEM e os debates sobre o tema são importantes para a formatação de politicas publicas, além da criação, por parte do Sebrae, de programas e produtos apoiando o empreendedorismo, e ainda, “a possibilidade das pessoas poderem se conectar com informações mais precisas sobre linhas de financiamento e credito para empreender”.

COMO AVANÇAR – Inconsistência em políticas públicas de incentivo ao empreendedorismo, ausência de educação voltada ao mercado e de bons projetos para acessar as fontes de fomento existentes são alguns dos principais entraves ao crescimento do empreendedorismo no Brasil, segundo consenso dos especialistas participantes do Seminário.

 

O diretor-presidente do Tecpar Júlio Felix, que faz parte da equipe do projeto GEM há sete anos e foi o coordenador da equipe que redigiu a Lei de Inovação do Paraná, disse que nas pesquisas, 78% dos entrevistados colocaram as políticas públicas como entrave ao empreendedorismo.

“A Lei de Inovação sancionada recentemente pelo governador Beto Richa é o grande instrumento para alavancar o empreendedorismo inovador no Paraná” disse ele, ressaltando que é preciso avançar também em outros pontos. “A pesquisa caracterizou deficiência da educação. Nós precisamos de mudança na metodologia educacional brasileira. Estamos educamos em função de conteúdos e o que o mercado quer são competências. Significa conhecimento, habilidades e atitudes”, defendeu Felix.

Ele destacou que o modelo educacional brasileiro não satisfaz a necessidade para que os alunos possam sair preparados para serem empregadores, e não empregados. “É preciso trabalhar princípios econômicos de mercado e no que tange a aspectos comportamentais, encorajamento à criatividade, à autossuficiência e à iniciativa pessoal”, completou.

Juntamente com a FGV e IBQP, o Tecpar é responsável por parte das pesquisas do GEM no Brasil. O tema empreendedorismo é trabalhado há 22 anos no instituto, exatamente o tempo de existência da Incubadora Tecnológica de Curitiba (Intec) do Tecpar, que apoia o desenvolvimento de novos negócios tecnológicos inovadores.